domingo, 27 de dezembro de 2009

La imagen puede estar Borrosa


A brincadeira começou em 2006, viajando pela Bienal de SP, viagens que são laboratórios de criatividade, onde sempre voltamos cheias de idéias na cabeça. Reparando no visor da máquina digital da Jú, eu e ela vislumbramos uma frase em espanhol, que nos acompanhou pelas milhares de fotos que tentamos captar: "!Atención! La Imagem puede estar borrosa ?Desea Guardar?. A máquina nos dava a dica: tu bateu mal a foto, quer mesmo salvar? Isso nos fez pensar, sobre ter a chance de decidir, escolher, o que queremos ou não guardar na nossa memória... Quais as imagens, os fatos, realmente relevantes que deveríamos escolher enviar para a lixeira, ou carregar no nosso cartão de memória cerebral? O fato de que somos bombardeados de informações diariamente já sabemos há tempos, desde as teorias da era da informação, o pós-modernismo, a era da informática, são muitos os filósofos e pensadores dos quais conhecemos as teorias sobre o quanto o nosso tempo é marcado pela quantidade de dados a que estamos expostos com a publicidade, televisão, internet, etc. Mas pensar que podemos escolher entre informações realmente relevantes e as que devem ser enviadas para a lixeira, é um assunto que nos interessou, e interessa... Essa informação, a da frase, ficou guardada no nosso "hd", e resolvemos acessar ela em algumas tentativas de ação artística, a Jú usou no Rio a frase para colar etiquetas em revistas femininas deixadas nos salões de beleza. E em POA, em 2008, no cinema, vendo Mamma Mia, a Jú disse: vamos pintar essa frase nos cartazes de campanha política? A cidade estava tomada de propaganda política, época de eleições, o bombardeio de informações é ainda maior, a maoiria não é relevante o suficiente pra guardar na memória, mas a exposição é grande. Eu topei, era o empurrão que a Jú precisava para colocar a idéia em prática. A Raquel soube e quis participar.
Preparamos nosso "estêncil" e fomos pintar alguns cartazes de candidatos políticos, na tentativa de fazer as pessoas se questionarem se essa informação merece ou não ser guardada na memória. São imagens que se tornam "borrões" na nossa percepção visual dos percursos que transitamos diariamente. Jamais depredaríamos algo do patrimônio público, pintamos os cartazes pois são peças descartáveis e acabam virando lixo, muitas vezes não servindo pra nada mais que sujar a cidade.
Foi nossa primeira ação em conjunto, o primeiro passo para termos vontade de interagir mais, e criar mais motivos pra pensar sobre a vida, a arte e suas particularidades...